A Beleza

Desconfio da beleza como quem desconfia de vendedores de camisa amarela, colete, pasta debaixo do braço e gestos abertos.

A beleza traz pontos de avanço agarrados

É uma armadilha onde se quer cair

A beleza incita, inebria…

Enfeitiça.

Desarma.

Manipula.

Seduz.

Condena.

Prenúncio de submissão

Impõe e pressupõe rendição

A beleza apresenta-se com simetria de formas

Tem sorriso de criança e olhar penetrante

Que nos faz acreditar estarmos na presença de Anjos

que apelam à bondade e protecção

que nos fazem acreditar na inevitabilidade da felicidade

perante a sua presença e radiância…

Mas estes anjos apenas nos conduzem para labirintos

Para correntes de água subterrâneas

Terrenos áridos

E descampados ventosos

E por isso, quando vejo uma pessoa bonita

Desconfio

Recuo

Desactivo a sua beleza aos meus olhos

Procuro objectividade e verdade

E não me deixo dispersar!

Nota: Beleza é a substância que Joseph Fiennes exala no filme "Killing me Softly" enquanto aguarda no semáforo pelo sinal verde para avançar (com a sua história)!

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